Diz o ditado popular que um barco traz duas alegrias ao
dono: uma na hora da compra e outra na hora da venda. Mas, sabendo quais são os
valores de um barco e os custos para mantê-lo, é possível fazer uma compra mais
consciente e evitar arrependimentos.
Os gastos para manter um barco costumam variar entre 8% e 15%
do seu valor por ano. E os limites de gasto tanto para aquisição quanto para
manter o barco são tão vastos quanto o meio em que eles navegam.
Veja a seguir todos os custos que o proprietário de um barco
deve estar preparado para arcar.
Custo de aquisição: pode ser menor do que o valor de um
carro popular ou bater a casa dos milhões.
O custo de aquisição de uma embarcação é tão variável quanto
os preços de carros. Os barcos mais comuns para lazer são as lanchas de 20 a 23
pés, que também estão entre os mais econômicos. O pé é a medida mais usada para
embarcações e equivale a cerca de 30 centímetros.
Os valores crescem de acordo com a motorização, o tamanho e
o luxo do barco, e podem chegar à casa dos milhões de reais. Mas, também é
possível encontrar valores compatíveis com o de carros populares (de 20.000 a
30.000 reais) e até mais baixos, sobretudo se o barco for usado.
Cuidados na compra
Antes de comprar um barco, é essencial que o comprador
visite o estaleiro. Ainda há muitos casos de pessoas que compram e não recebem
o barco, ou que recebem com muito atraso. As empresas têm lojas maravilhosas,
mas em alguns casos, ao visitar o estaleiro, você descobre que se trata de uma
empresa de fundo de quintal.
Para evitar problemas, além de visitar o estaleiro, o
consumidor pode acessar fóruns na internet, participar de eventos e pedir
informações a proprietários de barcos. Também existem assessorias náuticas, que
buscam as melhores embarcações de acordo com o perfil do cliente e prestam
assessoria jurídica na compra.
Custo da marina: para
um barco de 23 pés, custo médio é de 690 reais, mas custos podem partir de 460
reais por mês
Se o barco for muito grande para ser guardado em casa, o
comprador deve incluir no orçamento o custo da marina, que é pago pela vaga do
barco (que pode ser coberta ou descoberta) e pelos serviços para ligar o motor
semanalmente, retirar e colocar o barco na água e limpeza do barco, o que em
alguns casos é cobrado à parte.
Os custos são proporcionais ao tamanho da embarcação. Paga-se
em média 30 ou 35 reais por pé mensalmente. Para dar um exemplo, em uma marina
que cobra 30 reais por pé, para um barco médio de 23 pés, o custo mensal é de
690 reais.
E nos casos em que a limpeza não é incluída no custo da
marina, é possível encontrar alguém que faça o serviço por cerca de 200 a 500
reais por mês.
Manutenção preventiva:
1.000 a 2.500 reais para manutenção do motor e 1.000 a 2.500 reais para
manutenção geral
O motor é a peça que exige mais cuidados, sua manutenção
pode incluir a troca de correia, de óleo, de filtros e da hélice. Esses gastos
podem variar de 1.000 a 2.500 reais por ano para um barco entre 20 e 30 pés com
apenas um motor. Mas, se o uso for mais severo e se houver mais de um motor
(mais comum entre barcos grandes) os valores podem aumentar bastante.
É recomendado que se computem alguns gastos eventuais com
manutenção da parte elétrica e mecânica do barco, como a revisão das fibras do
barco - que seriam o correspondente à funilaria do carro -, estofamentos internos,
GPS, entre outros itens. O mar agride muito o barco, então é interessante ter
uma previsão de 1.000 a 2.500 reais por ano, o mesmo valor gasto com o motor,
para gastar com esses outros itens.
Combustível - 7.000
reais para um barco pequeno e 21.000 reais para um barco grande
Pela falta de pesquisas sobre o mercado náutico não é
possível dar uma média dos preços se não pelos relatos de quem lida com esse
tipo de gasto frequentemente. Os gastos entre as lanchas mais populares, que
têm entre 20 e 23 pés, é de 20 litros por hora.
Para fazer uma simulação do gasto anual, vamos considerar
que o uso médio do barco por ano seja de 100 horas, uma média citada por vários
especialistas no assunto. E que a gasolina custe 3,50 reais por litro, valor
que tem sido praticado em postos de marinas. Para essas lanchas mais
econômicas, portanto, gastam-se por ano 7.000 reais de combustível.
Uma lancha de 25 pés, por exemplo, pode consumir cerca de 35
litros por hora. No caso dele, considerando que o valor da gasolina seja de
3,50 reais por litro, são gastos 12.250 reais anualmente. O maior custo de uso
do barco é com combustível. É possível gastar muito menos do que eu gasto e
existem lanchas e iates muito maiores e com motores mais potentes que gastam
muito mais.
Em muitos casos a gasolina sai mais cara para barcos do que
para carros. Isso ocorre porque os postos que ficam nas marinas elevam os
preços por serem as únicas opções no local. Algumas marinas não têm postos e os
proprietários acabam transportando gasolina de postos comuns até o barco, o que
é proibido por lei, mas que infelizmente ocorre pela falta de estrutura
náutica.
Barcos maiores que 28 pés, também costumam ter motores movidos
a diesel. Se o motor for de 320 HP, o consumo de diesel pode ser próximo de 30
litros por hora. Se o mesmo motor fosse
movido a gasolina, o consumo seria quase o dobro, mas motor a diesel custa 50%
a mais do que o motor da gasolina.
Considerando que o diesel custe hoje cerca de 2,50 reais, para
um uso de 100 horas, pode-se dizer que seriam gastos 7.500 reais por ano para
um barco grande a diesel. Para o mesmo porte de barco, se o motor fosse movido
a gasolina, o consumo poderia chegar a 60 litros por hora. Para um uso de 100
horas por anos, com a gasolina a 3,50 reais por litro, seriam 21.000 reais por
ano.
Habilitação
Para pilotar uma embarcação, é preciso realizar um exame de
habilitação e, em alguns casos, comprovar um número mínimo de horas navegadas.
Existem cinco níveis de habilitação, sendo o mais comum o de arrais amador, que
permite conduzir qualquer embarcação dentro dos limites da Capitania de Portos
do respectivo estado.
A taxa para inscrição no exame de habilitação é de 40 reais
e a Capitania de Portos é quem aplica o teste. Os testes são teóricos, seja
qual for o nível. Essa é uma crítica no meio náutico, porque é como se um
motorista tirasse a carta sem nunca ter dirigido um carro.
A critério do Capitão dos Portos, podem ser exigidos exames
em clubes náuticos e marinas para que o piloto tenha as horas de navegação. Por
isso, também é preciso adicionar o custo do curso, que para arrais amador pode
variar entre 300 e 800 reais, segundo o presidente da Acobar.
Documentação
Os proprietários de embarcações devem fazer a inscrição do
barco, quando novo, ou a transferência, se usado. Para isso, é cobrada uma taxa
de 30 reais. E além dessa inscrição, que tem o efeito de registrar junto à
Capitania dos Portos a nova posse de um barco, o proprietário também deve pagar
30 reais pela emissão do Título de Inscrição, que seria o correspondente à CRLV
(certificado de registro dos carros).
E se o barco for zero quilômetro, há ainda o Documento
Provisório de Propriedade, que fica com o proprietário temporariamente, até que
seja emitido o Título de Inscrição. Para emissão desse documento, paga-se uma
taxa de 80 reais.
Seguro
As seguradoras costumam cobrar entre 0,5% e 1% do valor do
barco pelo seguro. Sendo que o percentual pode ser mais elevado para barcos com
mais de 20 anos.
O seguro cobre o valor integral do barco em casos de
sinistros com perda total. É feita uma vistoria por engenheiros navais e assim
define-se o valor do barco e da cobertura. A vistoria é realizada pela falta de
uma base de dados com valores de mercado dos barcos, como ocorre com os seguros
de carros, cujos preços são baseados na tabela Fipe.
Em caso de outros incidentes que prejudiquem a estrutura do
barco, desde que causados por fatores externos, a manutenção corretiva também é
coberta pela seguradora. E é possível incluir cláusulas extras de proteção,
como para cobertura sobre roubos de equipamentos.
Vale ressaltar que os seguros de barcos, diferentemente de
carros, não possuem benefícios extras, como assistência durante a navegação. Se
algum incidente ocorrer, por exemplo, não é a seguradora quem guincha o barco,
mas ela cobrirá os eventuais gastos decorrentes do serviço.
Gastos adicionais:
20% a 50% do valor do barco
O barco é como uma casa, é possível montar um apartamento
básico ou sofisticado.
Alguns dos acessórios que podem ser colocados em barcos são:
ar-condicionado, fogão, micro-ondas, aquecedor para chuveiro, gerador elétrico,
televisão. Costuma-se gastar com equipamentos em média de 20% a 50% do valor do
barco.
Podem existir gastos esporádicos com bebidas e comidas, por
exemplo, ou com taxas de pernoites em marinas, se o barco for usado para
viajar. Em Ilhabela, por exemplo, o custo de pernoite do barco gira em torno de
100 reais.
Faça o seguro do seu barco: www.bellmondo.com.br